A imprevisibilidade do mercado é – e sempre foi – fator de risco para empreendedores. Não há como se blindar de situações inesperadas, mas é possível que empresas se preparem para cenários positivos e negativos, sem perder o sono diante de problemas financeiros, diz Paula Bazzo, especialista em planejamento financeiro para pequenos e médios negócios.
Nesse contexto, a reserva de emergência é um facilitador. A principal finalidade da reserva é ajudar o empreendedor a manter a estabilidade em situações de emergência. E, ao contrário do que muitos pensam, o valor pode ser usado para diferentes fins, que vão desde a prevenção de risco e manutenções essenciais, até a quitação de dívidas e novas oportunidades de negócio.
“Numa eventual oportunidade de negócio em que poderá ser gerado mais lucro para a empresa, a reserva pode ser usada, evitando recorrer a empréstimos bancários e taxas de juros que podem ser prejudiciais”, explica.
Segundo Paula, toda empresa, independentemente de seu porte e fatia de participação no mercado, pode ter uma reserva de emergência, dado o fato de que há sazonalidades para todos os segmentos. “Ela é de extrema importância e faz toda a diferença para empresas que desejam se programar para uma expansão ou evitar uma recessão”.
Como construir a minha reserva de emergência
Para Paula, o primeiro passo é identificar em que tipos de cenários a sua reserva atuará como fator auxiliar. Depois disso, torna-se muito mais fácil definir o valor ideal para um fundo emergencial para o seu negócio. “Cada reserva de emergência deve se conectar com o perfil do seu negócio”, ela explica.
Além de reconhecer o intuito, é importante ter clareza sobre o valor do capital de giro do negócio, ou seja, o valor ideal para que sua empresa não fique no vermelho dentro de um prazo estipulado. Seu fundo de emergência não pode ser inferior a isso.
“Um valor ideal também depende muito das responsabilidades que a empresa pretende priorizar”, explica a especialista. “Para muitas, pagar seus funcionários em situações de crise econômica ou queda nas vendas é prioridade. Por isso, em alguns casos, a ausência de uma reserva acaba saindo mais caro”.
No entanto, o principal fator dificultador para os empreendedores, segundo ela, é a programação financeira para compor uma reserva, além da mudança de mentalidade. “Se o empreendedor não compreende que esse planejamento é necessário para que ele não tenha impactos piores em situações imprevisíveis, ele dificilmente irá destinar parte de seus recursos para isso”.
Paula recomenda que o primeiro passo seja reconfigurar a gestão de custos, olhando para as despesas da empresa em busca de pontos de melhoria. Para isso, talvez seja necessário reavaliar fornecedores e pensar em estratégias para aumento de renda. Contar com a ajuda de um profissional terceirizado também é aconselhado.
Em situações em que for inviável criar uma reserva com valor para ao menos 1 ano de sobrevivência do negócio ou para o pagamento de suas principais obrigações financeiras, o ideal é começar com o valor equivalente a 1 mês, e assim por diante, de forma crescente.